Quarta-feira, 21 de Novembro de 2007
DA MEMÓRIA… JOSÉ LANÇA-COELHO
VELOSO PAI, VELOSO FILHO
Agora que o Veloso Filho (o Miguel), já joga na Selecção Nacional de Futebol, é tempo de fazer uma viagem na minha memória, e falar do único jogador que foi meu aluno.
Conheço o Miguel desde tenra idade, ainda o Veloso Pai (o António) fazia as minhas delícias na equipa principal do Benfica e da Selecção Nacional. Jogador de raça, de mais vale quebrar que torcer, lembro-me dele como defesa direito, defesa esquerdo, e médio, e se fosse preciso jogar a avançado podíamos contar com o seu querer!
Quando Veloso Pai estava no auge da carreira, a minha actividade de escritor e divulgador de Literatura Juvenil levava-me, anualmente, a visitar dezenas de estabelecimentos de ensino, públicos e particulares. Entre estes últimos, havia um por onde passava todos os anos – o Colégio Alfa-Beta, em Queijas -, talvez por ter morado três anos nesta freguesia do concelho de Oeiras, e era, precisamente nesse local que, via Veloso Filho. Conheci o Miguel com cinco seis anos, - parece que o estou a ver, pequenino, rechonchudo, com um casaco de malha azul e uns calções aos quadrados, vestuário que constituía a farda do colégio, assim o creio -, eu olhava para ele e dizia para os meus botões, “Que pena, nunca será um bom jogador de futebol como o pai, é gordinho de mais!”
Os anos foram passando, o Miguel fez a Instrução Primária e começou a frequentar a Escola B2 3 Professor Noronha Feio, em Queijas, onde lecciono há catorze anos. Para minha surpresa, dou com ele numa das minhas turmas. Tinha dez anos, estava mais espigado e, jogava nas escolas de futebol do Benfica.
Foi meu aluno dois anos, período de tempo em que, também, fui director da sua turma. Nos intervalos, no pátio, falávamos de futebol, do ‘nosso’ Benfica, da carreira do Veloso Pai que, estava prestes a terminar, e, também, jogávamos à bola, gosto que, só o peso dos anos, me fez cessar.
Recordo o Miguel como um aluno médio em aproveitamento que, tal como eu, tinha apenas um pouco de interesse pela escola e, a quem, o empenhamento da mãe foi decisivo. Um dia, na aula, manifestou-se ruidosamente quando o não tinha de fazer. Estive quase a mostrar-lhe o cartão vermelho, mas o seu pronto pedido de desculpa, fez com que o ‘castigo’ redundasse numa promessa futura, a saber, a oferta de um bilhete para um Benfica-Sporting, quando jogasse na equipa principal do Benfica, claro! Porém, como a vida muitas vezes não é como queremos, o Miguel, como toda a gente sabe, joga na equipa do Sporting, mas por pouco tempo, pois já se fala muito na sua entrada numa equipa estrangeira, e assim o nosso acordo nunca se cumprirá. Mais engraçado ainda, é a minha actual postura a ver um jogo do clube rival, quando dou comigo a torcer pelo Miguel!, a quem desejo as maiores felicidades.
Além das recordações de dois anos de aulas, ainda hoje uso um porta-chaves com o emblema do Benfica, que me foi oferecido pelo Miguel, e guardo a sua fotografia actual autografada com dedicatória, que a Teresa, a sua mãe e minha colega, fez o favor de me levar à escola. Estas manifestações de amizade são a melhor coisa que um professor guarda da sua carreira!
Ao lado da foto do Miguel, está a do Rui Costa, também autografada, pois se o primeiro foi o meu único aluno futebolista, o Rui foi a minha primeira entrevista a um jogador.
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